A partir de agora, analisaremos a origem e evolução do relevo brasileiro com base no embasamento teórico obtido ao longo do curso. Já foi abordado anteriormente a decomposição da gênese do relevo em dois principais conceitos: a morfoestrutura, ou seja, a sustentação geológica da crosta terrestre associada a processos endógenos e a morfoescultura, ou seja, seu modelado, guiada principalmente por processos exógenos.
Os processos de organização dos domínios morfoclimáticos se assentam em fatores bióticos, químicos e físicos. Os fatores bióticos referem-se às relações de cooperação ou de competição entre as espécies animais e vegetais; os químicos, aos macro e micronutrientes, ou seja, aos elementos químicos necessários à sobrevivência dos seres vivos; os físicos, aos climas, solos, relevo. Da interdependência desses fatores surgem os biomas ou ecossistemas, onde ocorre uma contínua troca de matéria e energia entre os seus componentes vivos e não-vivos. Atualmente se usa a expressão “domínios morfoclimáticos” para demonstrar as interações entre geologia, clima e relevo. Dentre os frutos destas interações podemos citar a hidrografia, os solos, a vegetação e (por que não?) também o homem.
Podemos dizer que o relevo brasileiro é formado por estruturas geológicas antigas (com exceção das bacias de sedimentação recente). Pode-se dizer, de maneira simplificada que são três as grandes estruturas que definem os macrocompartimentos do relevo encontrado no Brasil:
- Plataformas (ou crátons)
- Cinturões orogênicos
- Bacias Sedimentares
Segundo o autor Aziz Ab’Saber:
Relevo = Estrutura + Clima
Ou seja, o relevo do Brasil só seria interpretado de forma mais aproximada do real se fizesse a junção da estrutura com o clima loca a ser representado.
Estrutura do Brasil:
Relevo dividido em 3 grupos:
èPlanaltos
èDepressões
èPlanícies
Serras / Cordilheiras – o Brasil não possui porque não está associado a processos orogênicos.
PLANALTOS
Regiões associadas ao soerguimento tectônico em épocas anteriores ao último ciclo – “ciclo brasiliano”.
Dentro dos planaltos, temos 4 tipos:
èBacias Sedimentares
èIntrusões e relevo residual
èNúcleos cristalinos
èCinturões orogênicos
Bacias Sedimentares: antigas, foram soerguidas por eventos tectônicos anteriores. As bacias não são formadas em lugares altos, mas apenas em processos de soerguimentos podem chegar a muitos metros de altitude. As bacias sedimentares soerguidas começam a sofrer processos erosivos, principalmente pelos rios que as cortam. A partir disso, surgem as chapadas. Ex: Chapada da Diamantina; Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná; da Bacia do Parnaíba, e outras.
Intrusões e relevo residual: são os corpos produzidos através de rochas ígneas. Aparecem quando a rocha foi soerguida e erodida sobrando apenas as rocha mais resistentes produzidas a partir do magma. Ex. Pão de Açúcar, Itu. É chamado de relevo residual porque é um resíduo dos processos tectônicos antigos. São parecidos com Chapadas, mas não tem relação com as bacias tectônica.
Cinturões orogênicos (antigos): São os planaltos originados a partir dos processos orogenéticos (crátons). Ex. Planalto Atlântico; Serras Goiás e Minas; Alto Paraguai.
Núcleos Cristalinos: não se sabe exatamente quando foram originados. Têm poucas rochas cratônicas realmente estáveis que sobraram. Esses núcleos cristalinos também são graníticos, mas muito mais antigos e muito mais estáveis. Ex. Planalto do Boroborema e Planalto do Sul Rio Grandense.
DEPRESSÕES
Caracterizada por domínios da erosão: relevos rebaixados (áreas baixas que sofrem erosão constante)
As áreas baixas podem ter origem geológica desde que o processo erosivo seja mais intenso do que qualquer processo tectônico que tenha dado origem à ele.
A diferença entre depressões e planícies é que as depressões são áreas baixas que sofreram processos erosivos intensos após o soerguimento e as planícies nunca foram soerguidas para sofrerem processos erosivos, possuem uma base plana original e recebem sedimentos.
PLANÍCIES
São áreas onde há deposição de sedimentos. São bacias sedimentares ativas. Ex. Ilha do Marajó – fruto de um processo atual de sedimentação.
As planícies são associadas a calhas dos grandes rios e nas áreas costeiras. Ex. Planícies litorâneas.